Foi preciso esperar o penúltimo — ou talvez o antepenúltimo — jogo da temporada para ver o rochedo ruir.
Indispensável e, acima de tudo, impecável durante toda a excepcional campanha de 2024/25 do PSG, Pacho teve um momento de descontrole nas quartas de final do Mundial de Clubes contra o Bayern de Munique no último sábado em Atlanta (2 a 0).
Expulso aos 37 minutos do segundo tempo daquele duelo intenso entre parisienses e bávaros, o defensor equatoriano deixou os companheiros na mão após um carrinho perigoso em Leon Goretzka. A consequência foi dura: dois jogos de suspensão aplicados pela FIFA, colocando um fim na sua temporada.
Sem seu pilar defensivo — vale lembrar que ele foi o jogador mais utilizado por Luis Enrique até agora (4.545 minutos) —, será que o PSG conseguirá conter o poderoso ataque do Real Madrid , adversário da semifinal, marcada para quarta-feira, em Nova York Nova Jersey?
Para começar a responder, nada melhor do que analisar os 12 jogos que os campeões da Europa disputaram sem o zagueiro de 23 anos em campo.
Uma estatística salta aos olhos — e não inspira muito otimismo: nas nove partidas em que o Paris Saint-Germain sofreu dois gols ou mais em torneios nacionais nesta temporada, Pacho ficou de fora ou no banco em quatro delas.
Pior ainda: metade das derrotas sofridas pelo PSG no Campeonato Francês foram sem ele. Embora tenha jogado contra o Nice no Parque dos Príncipes em 25 de abril (1 a 3), Pacho não entrou em campo na visita ao Strasbourg (2 a 1), na segunda e última derrota do clube da capital na Ligue 1.
Quando o jogador nascido na cidade de Quinindé esteve ausente ou no banco, os parisienses não sofreram gol em apenas um jogo: contra o Toulouse, em 22 de novembro de 2024 (3 a 0). Esse número contrasta com os seis jogos sem sofrer gols registrados pela defesa da equipe nas últimas sete partidas, somando todas as competições.
Sem Pacho, a missão será difícil para a zaga parisiense, que terá de parar um ataque madrileno liderado por Gonzalo García em grande fase e por Kylian Mbappé sedento por revanche. Ao lado do capitão Marquinhos, tudo indica que será Lucas Beraldo o responsável por substituir o ex-jogador do Eintracht Frankfurt.
O zagueiro brasileiro de 21 anos substituiu Pacho em 10 das 12 ocasiões nesta temporada. Os outros potenciais substitutos do defensor, que por uma superstição joga sempre com o pulso enfaixado, estão indisponíveis: Lucas Hernández está suspenso, Presnel Kimpembe sem o condicionamento necessário e Milan Skriniar prestes a sair do clube — o caminho está livre para o ex-jogador do São Paulo.
"Tenho total confiança em Lucas Beraldo. Ele transmite uma certa serenidade", afirmou o técnico Luis Enrique há alguns meses. Mas além da escolha dos jogadores e da tática, o PSG provavelmente terá que apostar na força do coletivo e no espírito de solidariedade para conter os ataques do Real — como fizeram contra o Bayern, resistindo com nove contra onze no fim do jogo.
"Somos como uma família", resume o atacante Ousmane Dembélé no site oficial do PSG. "Todos tentamos nos aconselhar, puxar uns aos outros para cima, nos esforçar uns pelos outros — e, até aqui, tem funcionado". Que continue assim.