Toni Kroos, sempre que fala, diz algo importante. Isso já acontecia quando era futebolista, tanto dentro como fora do campo. Com o seu jeito calmo e sem pressa, pensava da mesma forma fora do campo e dentro dele, algo que não estamos habituados a ver em muitos jogadores que preferem usar frases de efeito.
Em entrevista ao El País Semanal, o antigo jogador alemão abre-se e comenta muitas situações que são normais para ele atualmente, mas que são complicadas quando se joga futebol. Explica também os seus projectos pessoais e fala do Real Madrid, o clube onde esteve 10 anos.
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Como é que a Kross lidou com a pressão? Muito simplesmente, tratando o futebol como um jogo: "Consegui manter a ideia que tinha do futebol como um jogo até ao fim e, acima de tudo, mantive a ideia de que o futebol é apenas futebol, e isso ajudou-me muito quando os resultados foram maus. Jogar no Real Madrid colocou muita pressão sobre si? Claro que sim, mas consegui sempre manter essa ideia de jogo e isso ajudou-me. E também me diverti muito. Isso é importante", explica o alemão.
"Mas é claro que nem todos os jogadores são iguais. Alguns lidam melhor com a pressão, outros pior. É claro que em Espanha há muita paixão e muita pressão sobre os jogadores por parte dos jornalistas e dos adeptos. Faz parte do desporto e essa pressão dos meios de comunicação social pode ser um pouco maior em Espanha, mas também existe na Alemanha e, suponho, noutros países. As críticas são injustas? Por vezes, sim, e se não estivermos mentalmente fortes, isso pode ter uma influência negativa. Mas às vezes também é o contrário, a imprensa coloca-nos tão alto, tão alto, que também não é real. Fazemos três bons jogos e, de repente, passamos a ser os melhores do mundo. E vice-versa. E não é assim, e se soubermos aceitar isso, tanto melhor para nós, vivemos com mais calma", afirma.
Continua a sua análise e já a viu nos seus colegas: "Há futebolistas que lêem ou ouvem estas coisas e riem, e outros, pelo contrário, dão muita importância a isso por causa da sua imagem, etc. Em suma, há bons e maus futebolistas e há bons e maus jornalistas. O que um jogador de elite tem de compreender é que nunca se trata de uma questão pessoal, que os jornalistas fazem o trabalho que os seus patrões lhes pedem e que o que lhes interessa é vender", diz ele sobre o sector.
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Sobre os seus antigos companheiros e a sua antiga equipa, Kroos afirmou que é apenas mais um adepto após 10 anos com a camisola branca. Saiu e a equipa não ganhou nada: "Vi, como todos os outros adeptos da equipa, que não foi uma época fácil. E as pessoas diziam: 'Aaah, é porque o Toni Kroos não está cá! E tudo o que eu queria era que as coisas corressem bem e que parassem de dizer isso", explica.
"O que acontece é que um bom médio defensivo ou pivô faz falta... quando não está lá. Quando ele está lá, é algo que é dado como certo, é como se não se notasse, como se tudo estivesse em ordem e então os atacantes podem resolver os jogos com tranquilidade", conclui.